No último fim de semana
da primavera, tive a oportunidade de estar muito próximo do Rio Jacuí. Como um
explorador da luz, desde o nascer do sol até o se pôr, pude registrar as cores
do rio, suas paisagens exuberantes, sua beleza e dramatismo, observando tudo da
linha d’água.
A luz estava boa para
fotografar amplas paisagens, uma luz difusa e quente que me permitiu, até mesmo,
trabalhar com perspectivas mais fechadas sem grandes contrastes, aproveitando a
intensidade das cores da primavera. Explorei também enseadas, prainhas e
detalhes da natureza.
Estava amanhecendo,
observei no horizonte uma luz dourada que começava a surgir. Mas, parecia que
as condições climáticas começavam a mudar. Reúno as minhas energias e remo
vigorosamente, quero chegar ao destino da luz e tenho pouco tempo. A luz ainda
estava muito escassa, mas, já embarcado, surge o dilema: fotografar ou pescar;
ocasionalmente fisgando um peixe, ocasionalmente visualizando mexilhões, líquens
e galhadas submersas.
Em alguns momentos, os
tons da água tornavam-se quase fluorescentes, devido à suavidade da luz, em
outros, as cores estavam vivas, a emoção era tanta que o colete salva-vidas, o
protetor solar e o chapéu foram esquecidos, mas minha cabeça já idealizava a
transformação daquele cenário para preto e branco, acrescentando o necessário
dramatismo entre a claridade do céu e a escuridão plena na cena.
Uma inexplicável motivação leva-me a pressentir que iria fazer uma boa fotografia! Confronto de frente a escarpa de luz junto a barranca. O rio está calmo, a variedade de cores é imensa... como estudar enquadramentos e começar a desenhar a foto com uma grade de cores tão espetacular? Entra em cena uma chuva dispersa; e eu estava assistindo, em tempo real, um dos expoentes do puro dramatismo da natureza; revela-se, agora, a formação de um espetacular reflexo acima da linha d’água!
A luz começa a transformar-se, as nuvens se dispersam e o
céu começa a explodir de cor à medida que o sol se posiciona no horizonte.
Estou a fotografar... Chegar a este ponto é um feito que agrega experiência de
vida ao captar e transportar a energia da natureza e a emoção em fotografia.
Foi um privilégio, diante de um
céu inesquecível.